sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Mareada

Cheiro de Sal
Brisa do Mar
E não dizem que
viver não é preciso
O necessário, é navegar

Nas ondas grandes
Se a coragem te faltar
Iça as velas bem altas
Quase mesmo a voar

Em mares agitados
Segura firme o teu leme
Navega durante o dia
Já que a noite,
o homem teme

Se chegares em terra firme
Não te vá acostumar
Diz o ditado:
É preciso ter respeito pelo Mar

Pariu

Para quieto
Parapeito
Paradoxo
Paranóico

Parafraseando
Para todos
Paralela
Paralelo

Parachoque
Paralama
Parafuso
Parabrisa

Para tudo
Pare Pari Parô
Não terminou com palavrão
porque a rima não Pariu

Dentro d'alma

Tenho cá dentro d'alma
A inocência da infância
A insensatez da adolescência
A arrogância dos que já passaram dos 30

Tenho cá dentro d'alma
Um amor negro, pardo,
desses bem brasileiros
Um amor destemido, justo e utópico
Um amor que fez semente
Fruto mais lindo me saiu do ventre

Tenho cá dentro d'alma
Um vazio transbordante
Um apertar afrouxante
Um disparar "silenciante"

Tenho cá dentro d'alma
A justiça justiceira
A igualdade desigual
A democracia social

Tenho cá dentro d'alma
Todos os paradoxos verbais
O avesso do desfecho
O tabu sem preconceito
O ilegal quase direito

A Moça

 A Moça me fita
 A Moça faz fita
 É que ela acredita
 Que roubou meu coração

A Moça adormece
 O dia amanhece
 E sei que roubou mesmo
 Foi meu sono então

 A Moça sorri
 Sorri de faceira
 É que ela já sabe
 Que o café da manhã não está na mamadeira

 A moça se apresenta no diminutivo
 E pum é punzinho
 Arroto, arrotinho
 Mas choro... só Chorinho

 A moça pra nós, só aumentativo
 E beijo é beijão
 Aperto, apertão
 Amor, amorzão
 Ela transforma até Bossa em Samba Canção...


 Dezembro de 2012

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Pra Catarina menina

Que ouça os meus compositores
Mas que tenha os seus
Que cante e batuque com os dedos
E mostre seus versos sem medo
Que seja pra sempre nossa menina
Que tire os sapatos pra dançar
Que seu riso seja tanto que lhe falte o ar
Que bagunce o meu cabelo, me embriague com seu cheiro
e me beije até cansar...

terça-feira, 17 de abril de 2012

Impávido

Quando a serenidade vier bater em minha porta
Estará escancarada, sem pressa
Quando a tristeza provocar tremuras em minhas janelas
Estará cerrada, sem frestas
Porque o que é certo
é a serenidade me invadir e a tristeza me deixar
Porque agora tudo tem sentido
e nada faz sentido
E todos os meus sentidos se deitam sobre o meu ventre
Ventre, essa forte e impávida palavra
Dele brota minha mais longa e doce espera
Impávido, impávida, como a representação do ventre
Que venha: ele ou ela, destemidamente...

quinta-feira, 1 de março de 2012

Meu Relicário de Aniversário

Eu avanço o calendário
Uns chamam aniversário
Olho o tempo que passa por mim
Há tempos não passo por ele
Descobri que não são meus os dias e as noites
Mas peço sinceramente que os meus dias sejam mais curtos e
minhas noites mais longas
Não controlo os ponteiros do relógio
Mas peço ternamente que congelem para estar com os que amo
e dedicar apenas poucos minutos ao trabalho no meu anuário
São pedidos, tão sinceros e ternos, típicos de quem fica mais velho...